(leia antes o post anterior)
Por: Beto Stodieck (Publicado no O Estado, 28/10/1971)
A cidade resumia-se ao Centro, ruas Esteves Júnior e Bocaiúva e avenida Trompowsky. Coqueiros era para passar o verão e, mesmo assim, tremenda temeridade devida a estrada. O Estreito não passava de uma rua que a gente era obrigado a atravessar quando se aventurava a uma viagem (para se ter uma idéia, levava-se quase 10 horas – ou mais – até Curitiba).
E, muito importante, não havia congestionamento na Ponte – ou em local algum.
* No centro as pessoas paqueravam – na época a paquera chamava-se “footing”. Ficavam as mulheres entrelaçadas e em grupos para cima e para baixo dando a volta na quadra do Palácio. E os homens parados, encostados nas paredes e vitrines. De vez enquanto uma piada, um olhar, um namoro.
Na calçada da Praça, em frente ao Palácio, ficavam (ficam) as empregadas domésticas, os marinheiros e o pessoal de cor (depois dizem que não há preconceitos), se marginalizando. Ali o “footing” também era (é) na base do sobe e desce.
Aos sábados, domingos e feriados havia retreta no meio do jardim. A Banda sempre começava com o “O Guarani” que nem a Hora do Brasil. Nesses dias a Felipe Schimidt era interrompida ao tráfego de automóveis e a rua se enchia de pessoas, com roupas domingueiras, a fim de verem os filmes que a USAID passava na tela armada em cima da marquise do Chiquinho.
Outra coisa típica da época eram os pileques incríveis que o pessoal tomava no Chiquinho. Acompanhava a empada (que até hoje sobrevive, sempre gostosa, na Casa 3 B).
O movimento ia até às 10 da noite, depois o pessoal se recolhia, pois “amanhã é outro dia”.
Não havia televisão e os cinemas não passavam filmes que prestassem (se hoje é assim, imaginem há 15 anos).
* Nas ruas Esteves Júnior e Bocaiúva e na avenida Trompowsky (que formam o Bairro da Praia de Fora)
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