No ano passado, ao declarar minha posição no segundo turno, escrevi: “O que me leva a torcer pelo Bolsonaro é mais simples: o domínio da realpolitik pelo PT me trouxe à conclusão de que o retorno deles ao poder não será uma simples “eleição”, mas uma tomada de poder, conforme já adiantou o Zé Dirceu. Eles não sairão tão cedo. No caso do Bolsonaro, mesmo com uma bancada própria, não acredito que dure muito essa “onda”. Vejo inclusive, como já manifestei, a eventual vitória dele como uma chance de avançar o debate sobre o Parlamentarismo.
Sem nenhum grupo tradicional no controle do Executivo e com medo de perder força para o Legislativo, quem sabe uma reforma inclua a mudança do sistema político. Com o Parlamentarismo poderemos no futuro evitar esses arroubos populistas, messiânicos e autoritários. Característica das duas candidaturas deste segundo turno das trevas.”
Chegou a hora.
Conforme o esperado, o governo Bolsonaro abre uma ótima oportunidade para falarmos do parlamentarismo. Um presidente eleito sob um discurso populista, sem programa de governo claro, com pouca habilidade para lidar com o Congresso e sem um grande partido por trás de si escancara os problemas do presidencialismo e deixa livre as lideranças parlamentaristas para fazerem avançar o debate sobre a mudança do sistema.